terça-feira, 22 de outubro de 2013

POLUIÇÃO AMBIENTAL - RHCONNECT



Olá, internauta do Portal RH Connect. Hoje vamos falar sobre poluição ambiental. Para falar conosco estamos com o consultor ambiental Alessandro Azzoni .
Alessandro, quais são as fontes mais críticas em relação à poluição em São Paulo?
São vários pontos que nós podemos considerar. Um deles é o sistema de esgoto despejado no rio. Por incrível que pareça, a própria cidade de São Paulo, despejava grande quantidade de esgoto em natura até pouco tempo. Tinha o caso do Morumbi, no qual todo dejeto era jogado no rio Pinheiros, e que depois, ia para o Rio Tietê. A própria cidade de Guarulhos começou a canalizar o seu sistema de esgoto há pouco tempo, e tudo o que era produzido e gerado nela ia para o rio Tietê. Agora provavelmente 50 % do esgoto é tratado naquela região. Isso significa dizer que já era para estar com quase 90%, 98%. Nós nunca vamos chegar a 100 % porque tem algumas das habitações que são irregulares e acabam também despejando de forma irregular.
Temos também o que a gente chama de poluição difusa, que é aquele lixo jogado de dentro do carro, a bituca de cigarro e inclusive o óleo que vaza do carro. Por que a gente chama de poluição difusa? Porque essa não tem como mensurar ou como fazer um controle dela. Ela cai nas vias públicas e, com a chuva, acaba indo para o sistema de coleta fluvial, e consequentemente para os rios. E por sua vez, todos os nossos rios se interligam com Tietê e Pinheiros, então, todos vão para o mesmo lugar.
No Rio de Janeiro foi criada uma lei para multar essas pessoas que jogam lixo na rua. Você acha que em São Paulo isso mudaria a atitude da população?
Com certeza. A única dificuldade que vejo é como você vai fazer a fiscalização e a autuação das pessoas. Você vai pará-las na rua, pedir o RG, multar, pegar o endereço? Eu acho a logística da multa meio controversa. Mas eu acho eficaz, acho que quem suja tem que pagar.
De que maneira você acha que isso poderia ser feito?
Nós já temos o caso da lei que vai entrar em vigor no ano que vem, que é a Política Nacional dos Resíduos. Ela nada mais é do que um repasse do governo dessa logística reversa da responsabilidade compartilhada. É um repasse do Estado, o Governo passando a responsabilidade para quem suja, pagar. Então, se você produziu, você vai reciclar. Se você sujou, você vai limpar. É uma maneira do Estado dizer: chega de pagar pela sujeira do outro. De uma certa forma, essa cobrança já vai existir.
O trânsito de São Paulo, como é muito carregado, influencia muito na poluição do ar e no tempo seco?
São Paulo tem um sistema climático muito diverso. Você tem as construções desses mega empreendimentos e isso bloqueia totalmente a circulação de ar na capital, criando as ilhas de calor. Certas partes da cidade de São Paulo são muito mais quentes do que gente está acostumado. Não porque existem "atmosferas de calor", mas por conta da concentração de prédios e quantidade de veículos, a circulação de ar não acontece. O chão esquenta, o carro esquenta, e aí, tudo vira um forno. As regiões da Paulista e Centro sofrem muito com isso. Precisaria ter um sistema de construção que refrigerasse nossa cidade. A poluição não tem como circular e fica presa. São vários fatores. Lógico que a primeira incidência que a gente fala é a dos carros, mas existem as indústrias, e outros agentes poluidores.
Hoje, a sustentabilidade já está sendo envolvida em questões empresarias. As empresas que são sustentáveis estão tendo um rendimento muito maior, as construções sustentáveis são muito mais procuradas. Então quer dizer, já não é mais uma questão de moda ambiental, já está se tornando produto. Hoje você tem a ISO 1.001. Daqui a pouco, para vender, você precisará do selo sustentável. São departamentos dentro daquela empresa que transforma aquela linha de produção em sustentável. Hospitais vão ter sistema de reciclagem de equipamentos, lixos, resíduos, gerenciamentos de resíduos. Então, toda essa política de sustentabilidade já vai envolvendo um fator produtivo e econômico. Se isso já vai fazer parte de um fator financeiro, econômico e empresarial, porque também não embutir na cabeça das crianças desde pequenos? Eu sei que é muita pressão jogar toda essa responsabilidade para eles, mas nós todos deveríamos estar fazendo nossa parte. Eu acho importantíssimo porque você cria uma geração com uma nova consciência.
O que você deixaria de dica para as pessoas fazerem a partir de agora? Coisas pequenas, de casa, que poderiam realmente ajudar a combater a poluição do meio ambiente.
Tem umas coisas básicas. Muitos bairros na cidade possuem a coleta seletiva. Não custa para você em vez de uma única lixeira em casa, comprar duas. Uma você coloca os produtos recicláveis, a outra você coloca o lixo orgânico. Outra atitude é não jogar o óleo de cozinha usado na pia, porque isso polui muito. O ideal seria deixar o óleo esfriar, colocar em garrafas pets, levar em um posto como o Pão de Açúcar, o Carrefour ou posto de atendimento da Porto Seguro. Tem vários lugares que fazem essa coleta para dar o destino correto. Se você ver alguém sujando, jogando, tome uma atitude, fale com ele. Se você não quiser falar direto, diga: “caiu isso da sua mão!” Tomando pequenas atitudes assim, a gente consegue fazer um movimento em cadeia muito grande, está nas mãos da população. Se nós formos nossos próprios fiscais, não precisamos multar, criar leis, punição. Existe uma coisa que todos nós temos que é a vergonha. Tenho certeza que o dia que você disser "caiu da sua mão", essa pessoa não vai jogar de novo com medo do possam dizer a ela novamente. Você não vai precisar de uma multa, uma punição. A vergonha mesmo vai impedir que a pessoa o faça de novo.
Muito obrigada, Alessandro Azzoni, pela sua entrevista.
Eu que agradeço a oportunidade, sempre que vocês precisarem, estou às ordens.
Obrigada a você internauta pela sua audiência, aqui falou Tatiana Pinheiro para o portal RH Connect.

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